Muitos direitos  humanos são negados e violados. Seja na agitação dos grandes centros urbanos ou na falta de acesso das pequenas cidades, a história de Mateus está presente. 7 anos, filho de mãe solteira e que, a cada um de seus outros nove filhos, uma narrativa de um pai ausente. A criança  vive em um barraco na comunidade Santa Fé, na região limítrofe de Fortaleza.

Apesar de estar situada em uma das maiores metrópoles do país, a localidade muito se aparenta a realidade vivenciada nas menores cidades do Semiárido. Ruas sem calçamento, sem saneamento básico, falta de acesso a água e a energia e, expressivamente, falta escola. O menino de origens humildes e etnia negra, apesar das poucas oportunidades, gosta do lugar em que vive. Segundo ele, lá tem espaço para brincar, para correr sobre o chão de pedra e, depois, dormir cansado de ter se divertido muito.



O espaço não apresenta as condições mínimas de garantia do esporte seguro e inclusivo. O menino que sonha em ser jogador de futebol, relata que, quando for um bom jogador, vai construir um campo de futebol na comunidade e justifica alegando que, assim como ele, muitos outros meninos e meninas sonham com um espaço seguro e inclusivo, mas que o dia-a-dia deles é bem distante dessa realidade.


Mateus (ao centro) e seus amigos


Incluso nas taxas de evasão escolar, o menino que ainda não aprendeu a ler e a escrever não tem acesso ao ensino fundamental. Segundo ele, a escola é muito longe de sua casa, o caminho é perigoso e, quando chove, o acesso se torna impossível, sendo esses os motivos para deixar de estudar. Porém, há brilho nos olhos quando o sonhador diz: 'Eu queria estudar, mas vou garantir que meus filhos irão".

A criança não se sente bem ao pensar na possibilidade de sair de sua 'área de conforto' para buscar espaço na área esportiva. Ele quer crescer ali, com seus iguais. Porém, mesmo com a pouca idade e com o fácil acesso a rua e as brincadeiras, Mateus reconhece que aquele lugar não lhe proporciona um ambiente adequado para se viver e que, como ser humano, ele não tem seus direitos garantidos.



Ao saber que nas escolas existe aula de Educação Física, Mateus abriu um grande sorriso e exclamou: Eu queria poder jogar em uma escola. "Eu não estudo. Eu preciso estudar para ser um bom jogador. Vi outra vez na televisão da vizinha que TODOS TEM DIREITO A EDUCAÇÃO. Porque eu não posso?" Indaga com lágrimas nos olhos, o pequeno.



Personagem real, que caminha nas ruas de nossas cidades, Mateus é apenas um relato de uma realidade que assola o Brasil: Um texto bonito assinado e firmado em leis e que não se consolidam no dia-a-dia dos brasileiros. Educação, esporte, cultura, lazer, moradia... Direito a vida. Onde estão?

Autor: Daniel Macêdo (CE)

                                                                                                                                                       
CONTA!

A cada quarta-feira, será postado um perfil narrativo sobre a história de vida\situação de algum agente participante de modalidades esportivas inovadoras, empreendedoras ou de superação. O objetivo é socializar as diversas realidades encaradas na prática esportiva e como a  participação social e as diversas atitudes foram fundamentais para o processo de mudança.

Fique por dentro e confira o que vem por ai na próxima quarta!

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