O sonho, há muito, tem sido reforços  na jornada daqueles que se desafiam. A palavra 'desafio' está presente no cotidiano de Carlos, adolescente de 17 anos, estudante da rede pública e amante de práticas esportivas radicais. Carlos, em si, é um sonhador nato. Para ele, os melhores sonhos são aqueles sentidos enquanto a adrenalina do skate lhe envolve.

O tempo para a prática esportiva sempre se confunde com a vida do garoto. Ao sair da escola, no fim de semana, ao sair com os amigos tem sido exemplos de como e quando o esporte acontece. Segundo Carlos, andar de skate tem lhe ajudado em disciplinas críticas, como física, pois ele passou a vivenciar os conceitos de angulo, de gravitação e outros que se encontram postos nas páginas dos livros didáticos. Contudo, ressalta que tem aprendido para a vida: "É como perceber que nossa vida se encontra em 4 pinos, o desequilíbrio desses pinos, ou mesmo do individuo, pode ocasionar um 'queda geral no sistema'. É sentir a corda bamba, a dificuldade de se manter ativo no dia-a-dia, a cidade que não para e, mesmo assim, aprender a encontra forças para se manter estável diante desta situação".

Os skatistas que desenham o pátio ladrilhado da Praça da Gentilândia, no bairro Benfica, são embalados pelas toadas do street pop e por livros clássicos de filosofia, como as obras de Nietzche e Gramsci. Carlos não gosta de ler, afirma o estudante, mas ressalta que 'precisa entender que mundo é esse' e a leitura de teóricos que, em suma, são complexos, tem ajudado neste processo. É importante deixar claro que, o esporte, a leitura e a percepção sensível do mundo que está em nosso entorno devem ser contínua.
O adolescente cursa o 3° do Ensino Médio e pensa em ingressar na graduação em Educação Física, na UECE. Tal fato se dá por um simples motivo: Os esportes radicais, de rua, são mal interpretados e, muitas vezes, desassociados da gama de modalidades. O futuro universitário pretende que, com sua formação, possa difundir essa prática e desmistificar a ideia que se tem de quem segue a vida sobre as rodas lancinantes do skate.

O que entristece o menino, por vezes, chamado de Fitão, é ver que seu maior orgulho, seu skate, não possui uma estrutura adequada para correr. E lamenta o fato de não haver política públicas pensadas, destinadas e acessíveis a essa classe juvenil. E exalta-se ao dizer: "A verdade é que no Brasil, as coisas só acontecem para quem tem como pagar, para uma minoria, mas a 'lapada' só chega para quem ainda tem as costas largas e trabalha duramente para fazer essa máquina rodar. Eu, Fitão, estou cansado."

Autor: Daniel Macêdo (CE)

                                                                                                                                                       
CONTA!


A cada quarta-feira, será postado um perfil narrativo sobre a história de vida\situação de algum agente participante de modalidades esportivas inovadoras, empreendedoras ou de superação. O objetivo é socializar as diversas realidades encaradas na prática esportiva e como a  participação social e as diversas atitudes foram fundamentais para o processo de mudança.

Fique por dentro e confira o que vem por ai na próxima quarta!

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