Comerciais televisivos costumam ter frases chave, verbos no imperativo, uma ordem , ou sugestão nem um pouco velada, uma ideia, que muitas vezes absorvemos sem nem refletir. Na véspera do dia 18 de maio, dia que é um marco nacional no combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, acho que algumas coisas merecem nossa reflexão.

Sinceramente, não acredito  que o caminho para resolver nossos problemas seja criticar tudo e todos, precisamos admitir que existem fatores positivos, e reconhecer o esforço alheio é uma exercício constante para a boa convivência em sociedade, entretanto reduzir a copa do mundo a uma grande festa se revela um erro, pois abordaria seus impactos, sejam eles positivos ou negativos, de forma simplista.

O Brasil é visto como o pais do futebol, das belas praias e belas mulheres, sem me ater a esse slogan que por si só objetifica a imagem da mulher, percebe-se facilmente o quanto ele representa um chamariz para o turismo sexual, uma das formas mais perversas de exploração. E não são vítimas dessa exploração apenas as mulheres do Brasil, mas suas crianças, meninos e meninas que ficam expostos a violência sexual, física psicológica e moral. 

A copa não será o elemento causador de tais tipos de violência,mas se não ficarmos atentos pode ser potencializador. Basta para isso fazer um estudo comparativo entre perfil do visitante que chega ao Brasil para fins de turismo sexual, e o perfil do turista que visitou a Alemanha (copa de 2010) exclusivamente para o evento, de acordo com um estudo patrocinado pela OMT divulgado em 2005 que revela que esse o  primeiro turista normalmente é homem,de classe média, entre  20 e 40 anos e viaja desacompanhado ou com outros homens. O turista da Copa do mundo, segundo o  Ministério do Turismo é em 83% do sexo masculino e 70% têm entre 25 e 44 anos. Não é necessário muita análise para perceber a confluência dos dados e o risco que podem vir a representar.

Imaginemos a festa sim, mas que a diversão das pessoas não se converta no sofrimento de nossas crianças e adolescentes, é um preço alto demais a pagar. A sua atenção e cobrança por medidas de proteção e a denuncia em casos de exploração é algo muito importante pra que após as "festas" tenhamos um legado positivo, de proteção e não de mais sofrimento.

Aline Freitas

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