Rio de Janeiro, 23 de setembro 2013 - Será que a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 deixarão um legado social no Brasil? Qual deveria ser este legado, em sua opinião? Estas foram as principais questões do Tribunal dos Megaeventos Esportivos no Brasil, planejado pelo núcleo do Rio de Janeiro da REJUPE, a Rede de Adolescentes e Jovens pelo Direito ao Esporte Seguro e Inclusivo, e realizado com o apoio das ONGs streetfootballworld e Bem-TV, em parceria com o UNICEF. 

No último dia 23 de setembro, cerca 80 adolescentes e jovens estudantes da REJUPE e de outras organizações (RENAJOC, Rede Saúde, Instituto Compartilha, Instituto Rumo Náutico e Instituto Bola Pra Frente, entre outros) se reuniram no Centro Cultural Banco do Brasil, no centro da cidade do Rio de Janeiro, para debater as vantagens e desvantagens de viver num país e numa cidade que vão receber os grandes eventos esportivos. "Este tribunal é o primeiro passo para trazer a voz dos jovens até as autoridades que estão organizando estes eventos", disse Márcia Correia e Castro, coordenadora da TV Bem e mediadora do processamento. Organizado como um verdadeiro julgamento, o tribunal incluiu uma defesa, uma acusação e um júri: esta estrutura permitiu aos participantes refletir sobre os impactos positivos e negativos da Copa e dos Jogos. 

"Os adolescentes e os jovens são convidados para defender ou acusar o legado com argumentos contundentes trazidos do seu contexto", explicou Luciana Phebo, coordenadora do UNICEF nos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. "opinião do adolescente e do jovem sobre o impacto da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos na vida de meninos e meninas é uma importante contribuição para toda sociedade. O UNICEF atua para garantir os direitos das crianças e adolescentes, incluindo o direito a participar das decisões sobre suas cidades”, completa a coordenadora. 

A “acusação” demonstrou-se determinada desde o início, desafiando seus colegas com grandes questões: é aceitável que tanto dinheiro seja gasto na organização destes eventos, enquanto a saúde e a educação no Brasil ainda precisam de investimentos substanciais? Será que as melhorias nas infraestruturas e serviços feitas às cidades-sedes sobreviverão a estes eventos? Com entusiasmo, os jovens debatedores mostraram preocupação de que as suas necessidades e esperanças poderiam ser ignoradas pelas comissões organizadoras e patrocinadores dos eventos. "E os preços dos ingressos? Será que vamos realmente ver alguma destas competições?", perguntou um deles. 

A “defesa”, entretanto, não se acanhou com o desafio e trouxe vários argumentos para valorizar os efeitos da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos; dados recentes sobre a entrada de recursos no Brasil com os turistas estrangeiros nos últimos meses, por exemplo, mostraram que eventos menores como a Copa das Confederações e a Jornada Mundial da Juventude trouxeram renda real para o país. Quanto aos preços dos ingressos, a “defesa” apontou que este problema não se limita a eventos esportivos, e lembrou o Rock in Rio como exemplo recente. 

O veredicto, após um julgamento de mais de duas horas, foi o seguinte: sim, os megaeventos vão deixar um legado social no Brasil, mas só se houver disposição do Poder Público em garantir transparência. Esta conclusão não marcou o fim do debate: uma carta contendo os principais pontos que surgiram a partir da discussão será elaborada pela REJUPE e entregue às autoridades locais. O objetivo deste tribunal é de fato aumentar a conscientização sobre o assunto e ampliar o debate envolvendo a sociedade inteira. 


Leave a Reply